domingo, 3 de março de 2013




O nada

Posso vê-la...
La fora andando em minhas vestes negras
Com um mp3 nos ouvidos
E o som do coturno em pedra
Posso ver...
O vento frio cortando pelos cabelos
A lua acima, em seus cabelos de carvão
A mente estende-se em pensamentos
Antes tudo era belo
Agora não passam de tormentos
Posso ver,
Ela passar por mim envolta do vestido balançante
A maquiagem em negrume em sua pele pálida
Posso ver
Os dedos em anéis de prata
A suavidade de todo preto no branco
De olhos puros que se fecham ao soprar do vento
Posso ver
A água escorrendo em espumas brancas a beira de seus pés
As pessoas que passam como um sonho em câmera lenta
Posso sentir o cheiro da maresia
O cheiro da noite com pequenas luzes na escuridão
Posso vê-la
Abrindo suas asas negras no suicídio da cruz
Posso ver
Seu amor que esgueira-se na escuridão
Sua mão branca estendida em pedido
E seus olhos rubros em ascensão
Posso vê-la
Guiar-te a teu amor nos passos da Lua
Beijar a doce boca que te eleva como somente sua
Posso vê-la
Posso vê-la inclinada sob a cruz azul
Segurando com tuas unhas em garra
E sangue descendo pela boca
Posso vê-la 
Aqueles olhos ameaçadores de acusação
Posso ver-me
Ao topo desta cruz da catedral
Olhando a mim mesma la embaixo
E me perguntando:
“O que faço ali?”
Posso ver
Sem nada ver
Pois a muito deixei de existir
E hoje sinto falta de mim mesma
Que pensa sem existir
E que existe sem viver. 

By: Gothic Vampire.
Que sejam eternos os 17.

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