domingo, 6 de abril de 2014

Água da alma


Água da alma.

Talvez eu seja a água que escorre,
Ah chuva que molha fria.
O rio que a sua beira morre,
Aquela que você sentia.

O acalento que não veio, 
O abraço que não chegou.
As palavras em meu seio,
Que com suor se apagou.

É grito da garganta fechada, 
O âmago que sofre calado.
É sangue vermelho da facada,
Que escorre lento, amargurado. 

Cabelos que revolvem,
Os olhos que não fugiram.
São mãos que não ouvem,
São cabeças que não viram.

Eu falo em outra língua, 
Sempre dando um enigma.
A luz minha face míngua,
Mais sempre deixo um paradigma. 

Imaginação que me conforta,
O espírito que não existe.
Em minha cara fecha a porta,
Mas a dor em mim persiste.

Não entende minha alma,
Um belo de um estorvo.
Me pede para ter calma,
Mais grito como corvo. 

Paz! Paz! Paz!
Seus grasnados fagulham.
Não é o que se faz,
Em água negra mergulham.

A fundo, longe se vão,
Entrelaçado nos braços da terra.
Os amigos que nunca são,
Enterrada em seu tumulo, berra.

By: Kami GV.

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